O reitor Ulysses Fagundes Neto, da Universidade Federal de São Paulo, vai pedir demissão na quarta, quando se reunir o Conselho Universitário da Unifesp.
Fagundes é, como direi?, um boa-vida. À custa do dinheiro público.
No ano passado, ele viajou a Portugal para firmar convênio de cooperação com a Universidade do Porto. Pela programação oficial, teria de permanecer em Portugal no período de 21 a 23 de fevereiro, quatro dias. Mas comunicou ao Ministério da Educação que o compromisso tomaria oito dias, de 21 a 24.
E o que ele fez nos dias que lhe restaram?
Visitou tradicionais fábricas de queijo de leite de ovelha, uma especiaria. Laura Capriglione, da Folha, informa que ele ficou hospedado na pousada Convento do Desagravo Pouca Beira (bem que o nome poderia ser Pouca Vergonha). Assistiu ao um jogo (Porto versus Chelsea) da Copa dos Campeões da Europa.
O digníssimo pagou tudo com cartão corporativo do governo federal.
Tem mais.
Fagundes Neto gastou em 2006 com o cartão R$ 11,8 mil em lojas de eletrônicos nos Estados Unidos, em lojas de cerâmicas na Espanha e na compra de malas em Hong Kong.
Ele até foi convocado pela CPI dos Cartões – a que não deu em nada – para esclarecer os seus gastos, como, por exemplo, o de Berlim, onde deixou US$ 2,5 mil em lojas da Nike e da Adidas.
Desta gastança, ele ressarciu parte aos cofres públicos, mas deveria ter pedido para sair no começo do ano, quando seus gastos saíram no portal Transparência, do governo federal.
Assim, ele passaria por constrangimento menor do que o de saber agora que o Tribunal de Contas da União apontou “uso irregular de recursos” [leia-se: malandragem com o dinheiro público] nas suas contas de 13 viagens internacionais.
O Tribunal quer que o Fagundes devolva aos cofres da União R$ 229.550,06.
Diante disso, o reitor anunciou hoje a sua demissão -- “em caráter irrevogável”, frisou, como se alguém fizesse questão que ele ficasse.
Ele já vai tarde.
ATUALIZAÇÃO em 26/8/2008
Complicou-se ainda mais a situação do reitor boa-vida Ulysses Fagundes Neto e sua turma. Nesta terça, o MFP (Ministério Público Federal) e o AGU (Advocacia-Geral da União) encaminharam à Justiça Federal em São Paulo ação cívil pública, acusando-o de improbilidade administração.
A ação inclui o vice-reitor (Sérgio Tufik), o chefe de gabinete da reitoria (Reinaldo Salomão) e o ex-chefe de gabinete Lucila Amaral Carneiro Vianna.
As duas instituições querem que sejam bloqueado os bens de todos e que haja quebra dos sigilos bancários e fiscal.
> Reitor paga restaurantes de luxo com cartão corportativo. (fevereiro de 2008)
Comentários
enquanto o brasileiro tem que trabalhar quatro ou cinco meses durante o ano, para conseguir quitar a sua conta com o Leão (sem a devida contrapartida que em tese justificaria os altos impostos), os digníssimos membros do nosso governo continuam a praticar essa farra chamada de "Cartão Corporativo". É tanta falta de vergonha, que só mesmo a certeza da impunidade, pode justificar tamanho descaso com o dinheiro público. É aquela velha história: "no fim, tudo termina em pizza" ou "uma mão lava a outra". Como um amigo diz, no Brasil não existe corrupção...
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